Após 25 anos, foi concluído o acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia (UE), um mercado de 700 milhões de consumidores que considera um PIB de US$ 22,3 trilhões. O acordo está em negociação desde 1999 com o objetivo de zerar as tarifas de importação de 90% dos bens que são comercializados no entre os blocos.

Caso o acordo seja finalmente adotado pelos 27 países integrantes da UE, abrem-se oportunidades para ambos os blocos, permitindo que Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, fundadores do Mercosul, consigam comercializar seus produtos, principalmente commodities, ao mercado Europeu e, em forma similar, da Europa comercializar com exceção tarifária artigos industrializados como máquinas e equipamentos. Com este acordo, a UE conseguiria acessar um mercado de 300 milhões de habitantes.

Para o setor industrial dos países do Mercosul, estabelece-se o grande desafio de se atualizar tecnologicamente, precisando obrigatoriamente otimizar seus processos e capacitar mão de obra especializada para conseguir maior competitividade de seus produtos no continente europeu.

Após a assinatura do acordo, inicia-se um longo e complexo processo para implementação efetiva, já que ele precisa inicialmente de revisões jurídicas para depois ser apresentado e aprovado pelo Parlamento Europeu e os Parlamentos individuais dos 27 países que formam a UE, onde já existem resistências.

É o caso de França, Polônia e Irlanda, que estão entrincheirados no poderoso protecionismo de agricultores europeus. Ainda assim, a aprovação do acordo precisa dos votos de países que em soma totalizam como mínimo 65% da população, onde se estima que os países opositores não conseguiram alcançar maioria para barrar o acordo.

Além disso, existem poderosos catalisadores que conspiram para a realização do acordo, caso da eleição de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, com claras intenções de protecionismo global, onde a UE já enxerga a possibilidade de que seus produtos experimentem um incremento nas taxas de importação quando obtidos pelos consumidores americanos, provocando uma desglobalização generalizada.

Alguns analistas chegam a estimar que o mundo está perto de uma guerra comercial. O avanço da China na América Latina também preocupa a UE, sendo outro importante motivo para que o bloco diversifique na criação de novos mercados.

Segundo Welber Barral no seu artigo "Tratado é um marco que pode beneficiar 2 blocos em diferentes dimensões", este acordo é mais que um pacto comercial; ele representa uma oportunidade histórica de integração econômica e cooperação institucional entre dois blocos com grande potencial econômico, o que é uma enorme verdade.

As aspirações são que o acordo seja assinado no fim de 2025, mas o caminho não será fácil. Ambos blocos deverão enfrentar enormes barreiras que só a negociação e aspirações altruístas conseguirão obter resultados benignos, mas o tempo e as condições são propícias para que isto seja realizado.

 

Impactos para a indústria gráfica

Para a indústria gráfica brasileira, os possíveis impactos são a possibilidade de acesso a novos mercados. Se bem que o transporte tem um impacto enorme no processo de exportação dos produtos ao mercado da UE, isto não é impossível já que se observam algumas produções impressas europeias no mercado brasileiro.

Aqui se tem uma grande vantagem competitiva, já que foi a mesma Europa quem definiu a prática do "Comércio de Desenvolvimento Sustentável" com países e blocos que desejem realizar acordos com eles.

O Brasil, devido à matriz energética baseada em energias renováveis, emite menores índices de Gases de Efeito Estufa (GEE), provocando que um impresso realizado no Brasil tende a gerar menos GEE que um produto europeu. Este foi um assunto abordado no estudo realizado pela Afeigraf neste mesmo ano.


Importância da atualização tecnológica

Mas não é só a energia que provocará esta vantagem. Existe uma necessidade enorme de que as empresas gráficas brasileiras se atualizem tecnologicamente!

O impacto que uma nova tecnologia causa na indústria gráfica que não se atualiza num longo período de tempo é enorme, fica muito evidente e os gestores, além de sentir satisfação pelo investimento bem sucedido, têm a frustração de se perguntar: por que isto não foi realizado antes?

De acordo com estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de 2023, 47% das empresas do parque gráfico brasileiro ainda operam com equipamentos com mais de 17 anos em média, o que as converte em organizações com índice de eficiência e competitividade extremamente baixa.

A atualização tecnológica transforma uma empresa em uma organização eficaz: produtos com menos custos, mais produtividade, mais qualidade e menor lead time. É preciso melhorar a infraestrutura de mão de obra e a digitalização nas indústrias em todo o processo produtivo.

Na otimização de processos, existem na atualidade inovadoras tecnologias para evitar desperdício, evitar paradas e quebras de produção baseados na indústria 4.0 e a própria Inteligência Artificial (IA). O possível acordo do Mercosul pode abrir a possibilidade de obter essas novas tecnologias com uma maior facilidade.

 

ExpoPrint abrirá portas

Em 2026, teremos nossa ExpoPrint Latin America 20 anos, a maior mostra tecnológica da indústria gráfica das Américas, onde este acordo entre blocos tem uma enorme importância inicialmente para os expositores.

Segundo o último Boletim Econômico Afeigraf de 2024, no período de janeiro a setembro 27% dos equipamentos importados para a indústria gráfica tem origem europeia, correspondendo a US$ 237 milhões.

A assinatura de um acordo entre os blocos facilitaria enormemente o acesso destes países a um mercado de 300 milhões de habitantes, potencializando suas possibilidades de negócios e facilitando a aquisição de seus equipamentos no mercado local.

Por tudo isto, convidamos os expositores europeus para tomar vantagem estratégica, participando da nossa ExpoPrint 2026 mostrando os seus produtos e estabelecendo contato com um grande e promissor mercado.

A feira será também de vital importância aos visitantes, onde verão em primeira mão as inovadoras tecnologias com maiores possibilidades na realização de negócios. A feira apresentará ainda espaços dedicados à sustentabilidade.

A feira receberá ainda a visita de colegas latino americanos, principalmente de organizações que formam parte do Mercosul.

Como mencionado anteriormente, este foi o início de um acordo do qual ainda não temos as bases, os produtos beneficiados e outras informações relevantes.

Além disso, o acordo deverá enfrentar ferozes batalhas no Parlamento Europeu e nos 27 países que formam parte do bloco. Por nossa parte, continuaremos atentos a toda informação que tenha impacto no nosso mercado, o que informaremos nestes meios.

Finalmente, aproveito para enviar um grande abraço a todos os associados da Afeigraf, nossa empresa parceira APS, aos colaboradores, organizações parceiras e a todos os que nos acompanharam durante todas as atividades realizadas neste ano 2024.

Os meus melhores desejos de Boas Festas e um próspero novo ano 2025 para todos.
Um abraço!

Jorge Maldonado
Presidente Afeigraf
Economista Sócio Proprietário da Aeprotec